#comentando - Gloria


Gloria
Direção: Sebastián Lelio
Chile, 2013
★ ★ ★ ★ 

Divertido. Sensível. Apaixonante. Melancólico. Vivo. Gloria. Um filme que fala sobre a vida. Sobre as alegrias, as tristezas. Os problemas, os amores de uma geração anterior representada, viva em sua protagonista. Viva na tela. Viva em nossas mães, tias, avós, irmãs, em cada mulher que conhecemos. E também em cada um de nós.
Gloria (Paulina Garcia) é uma cinquentona divorciada. Sua maior distração: frequentar - e dançar muito- bailes para a terceira idade. Rodolfo (Sergio Hernández) é um dos homens que Gloria conhece em uma dessas noites cheias de música, bebida e solidão também. Porém, desta vez, na relação com Rodolfo,ela vê a possibilidade de algo mais sério. Conhecemos então a família de Glória. Seus dois filhos, sua nora, seu ex-marido e até mesmo a nova mulher de seu ex-marido. Enquanto que sua relação com Rodolfo torna-se mais e mais complicada, já que ele, casado e com duas filhas, não considera a possibilidade do divórcio.
Percebemos então, relacionamentos que todos conhecemos bem. Família. Sempre há satisfações. Sempre há problemas. E no meio de tudo isso, Gloria. Uma mulher. 50 e tantos anos. O que a vida ainda pode lhe dar? O que ela ainda espera da vida? São perguntas menores, sem importância. O que o diretor chileno faz questão de mostrar é justamente o oposto. Não há tempo para questionamentos, ou demasiado melodrama. Gloria, a mulher, está ali, seguindo em frente em meio a tudo. A tudo o que foi sua vida, a tudo o que é sua vida. Divertida, apaixonante. Paulina também está presente em Gloria, está viva. Assim como todos nós, pois no desenrolar da história, nos damos conta da fragilidade tão presente em nosso dia. O trabalho, a família, os amigos, os relacionamentos amorosos. Tudo é tão frágil, tão sensível, tão vazio. Sim, inevitavelmente chegamos ao vazio. Novamente. Isso é tudo o que a vida tem a nos oferecer? Talvez sim, talvez não. Mas Gloria está ai. Eu também. Você também. Todos nós. Correndo. Trabalhando. Nos estressando. Melancólicos. Fracassando tantas vezes em nossos relacionamentos, tentando entender nossa família. Dançando. Aproveitando alguns momentos, outros não. Vivendo.
Gloria está repleto de cenas brilhantes em sua simplicidade. Ver a protagonista dançando músicas dos anos 70 e 80 - e bebendo muito. O nu de Gloria e Rodolfo nas tão francas - e divertidas no caso da cena no hotel - cenas de sexo do casal. A terapia do riso. O jantar, não tão bem sucedido, com toda a família. A vingança "armada" de Gloria contra Rodolfo. E, não poderíamos esquecer, da perfeita cena final. Realmente não poderia ser de outra forma. Gloria - sozinha e bêbada - termina dançando. Dançando ao som da música Gloria de Umberto Tozzi. Aliás, a trilha sonora - que inclui Águas de Março - é também apaixonante.
O grande destaque fica mesmo por conta de Paulina Garcia. A atriz foi premiada como melhor atriz no Festival de Berlim no ano passado. Gloria é o quarto longa dirigido pelo chileno Sebastián Lelio, recebendo também outros prêmios no Festival de Berlim, no Festival de San Sebastían, fez parte da seleção oficial dos festivais de Toronto, Telluride e New York e foi o escolhido para representar o Chile na premiação do Oscar e do Goya.






Postado por Danilo Craveiro
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